Como Surgiu a Sexta-feira Santa e a Comemoração do Domingo de Páscoa

O estudo de hoje exige um pouco mais de atenção sobre certos aspectos que nem sempre são percebidos sem uma análise mais aprofundada. Há coisas na Bíblia que não basta ler. É preciso atentar para os seus princípios, notar as suas razões, analisar cada situação dentro do contexto e da época, comparando tudo com os dados históricos e proféticos que tivermos ao nosso alcance. Quando falamos que Cristo não morreu numa sexta-feira, por exemplo, nem foi ressuscitado no domingo, muitos dizem: "Em que isto importa? O importante é que Ele morreu e foi ressuscitado.". --- É aqui que entra a necessidade de explorar um pouco mais sobre a questão, e é isto que nos motiva a elaborar um estudo para aqueles que não se conformam somente com o básico, mas querem se aprofundar um pouco mais nesse universo da história do Cristianismo.

Hoje vamos falar um pouquinho sobre a morte e ressurreição de Cristo, a começar pela Ceia que Ele celebrou no dia 14 de nisã. Segundo estudos bíblicos, e de pesquisadores judaicos, naquele ano essa data ocorreu numa quarta-feira. E nós podemos concordar que realmente Jesus morreu nesse dia da semana, tanto em função de algumas profecias quanto da Sua própria promessa de ressuscitar após três dias e três noites. Uma gama de textos escriturais comprova que Cristo de fato morreu numa quarta-feira e foi ressuscitado no fim do sábado (Shabat), conforme relata também os evangelistas. Mateus 28:1,6. "Jesus respondeu, e disse-lhes: Derrubai este templo, e em três dias o levantarei. Mas ele falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito." João 2:19-22. idem: Mateus 12:40; Jonas 1:17; Mateus 26:61;27:40,63.

Por que, então, os líderes pós-apostólicos, de Roma, cuidaram logo de fixar a morte de Jesus numa sexta-feira, e a Sua ressurreição no primeiro dia da semana? O problema não está unicamente na data, mas principalmente no motivo que levou os romanos a mudá-la, transferindo-a para o primeiro dia. Verdade é, que, dados históricos comprovam que o domingo era um dia santificado entre os povos pagãos, como o venerável dia do sol. Por esse motivo, a ideia da ressurreição de Cristo nesse dia caiu como uma luva entre as lideranças de então, sem dúvidas um passo gigantesco para a introdução do domingo no Cristianismo como o dia do Senhor. E foi exatamente como tudo aconteceu. Já no limiar do II século, Inácio de Antioquia, entre outros, trabalhava para oficializar o chamado "Domingo de Páscoa", visando-se a oficialização do domingo como um dia santo.

"E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas." Apocalipse 18:4.

Muitas pessoas sabem a origem das comemorações dominicais e natalícias, todavia a cristandade ocidental adotou o domingo como um dia santificado por Deus. Mas por que tanto interessava aos romanos que este dia fosse incorporado ao Cristianismo, e reconhecido como dia da ressurreição de Cristo? Adotar o padrão oriental da fé iria à contramão de todo o Império, logo, aceitar o Cristianismo como os apóstolos ensinaram certamente não estava nos planos dos líderes imperiais romanos. Na realidade, não houve conversão do Império ao Cristianismo, não dentro do padrão oriental. O que houve, de fato, foi a oficialização do Cristianismo como religião do Estado, mas dentro padrão estabelecido pelo Clero. Para entender melhor, remetamo-nos aos impérios anteriores, cujos imperadores submetiam os povos por eles dominados aos seus costumes e suas religiões. Com o Império Romano não seria diferente. Nos dias de Jesus, por exemplo, o mundo estava sobre o domínio dos romanos, daí a razão da profecia de Cristo sobre Jerusalém (Lucas 23:28), porque sabia que em poucos anos a cidade seria tomada e dominada por seus imperadores. Jesus previu o futuro de implacável dominação romana que a esperava, e lamentou sobre ela: "Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados" Lucas 19:43,44.

O Império Romano dominava sobre Jerusalém e toda a Judeia, portanto, é uma ilusão acreditar que seus povos se sujeitassem ao padrão da Bíblia, convertendo-se em massa ao Evangelho, muito menos que adotassem o padrão apostólico da fé cristã. Esse é o principal motivo de tantas mudanças efetuadas no Cristianismo original. Já no início do segundo século, Inácio de Antioquia trabalhava para aprovar o domingo como um dia santo, dedicando todos os esforços para declará-lo como dia da ressurreição de Cristo (domingo de páscoa). Com isso, Inácio daria o primeiro passo para tornar o domingo um dia de guarda mundial em lugar do sábado bíblico. Além do fato de que Cristo não ressuscitou no domingo (Mateus 28:1), é inadmissível que a Igreja primitiva reconhecesse outro dia santificado além do sábado bíblico; e também se convertesse aos costumes dos pagãos, exceto aqueles que cederam à grande apostasia predita por Paulo. "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito." 1 Coríntios 12:13. Êxodo 20:8; Lucas 23:56; Marcos 2:27; Atos 13:42,44; Lucas 4:15,16; 13:10; Atos 16:13; 17:17.

É do conhecimento da maioria que o domingo foi introduzido no Cristianismo, primeiramente pelo imperador Constantino, e posteriormente declarado como dia santo pelo Papa Silvestre no Concílio de Niceia em 325 (E.C). Isto confirma que a Lei de Deus não foi abolida por Cristo, nem que os Cristão deixaram de observá-la na Nova Aliança, caso contrário nada justificaria tantos esforços para que tais mudanças ocorressem no Cristianismo. Mudando-se o sacerdócio há também mudança na lei. Por isso a lei mosaica imperou até o Messias. Porém, tendo Cristo vindo segundo o sacerdócio de Melquisedeque, o pacto mosaico foi desfeito, e a constituição da lei de Deus restabelecida conforme era no sacerdócio de Melquisedeque. "Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei." Hebreus 7:12.

Concluímos, portanto, que a lei de Deus permanece vigor na Nova Aliança, e é dever da Igreja de Deus observá-la conforme esta registrada nas Sagradas Escrituras. "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido." Mateus 5:17,18.

 

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